o espírito escreve
sem que o gesto da grafia seja devido
Luíza Dunas (Luísa Sousa Martins) nasceu em Lisboa, que tem por sua terra oráculo, porto e pórtico das suas vi(r)agens. Os escriptos surgem-lhe por obediência, assinalando imperativo que lhe inspira o cumprir de uma travessia revelatória de profundos, da qual se sente tão-só a decifradora e a primeira leitora.
Neste rio a correnteza dos tempos, pranto de todas as almas, a minha pia baptismal.
sábado, 22 de junho de 2013
parto na procissão matinal dos ventos, sob a neblina o imponderável rumo a solo, em unas areias, deserto meu.
abisma-te no solstício em suspensão ante a estrela o céu anuncia sem iludir o crescendo da noite por ti vai subir.
Tocai-vos uns aos outros.
a busca é o vício, ébrio adiamento, o êxtase para não encontrar.
No vale das oliveiras chora a pobre menina das minas de ouro.
O corpo é um estado de espírito.
o coração de Lisboa é uma aldeia, uma menina senhora, uma criança antiga, uma frescura rubra, um rebento filosofal, os sinos das torres das igrejas vibram as colinas e todas as calçadas são santuários, e todas as janelas são miradouros, e todas as almas, santas - Lisboa sacra
terça-feira, 11 de junho de 2013
sob esta cúpula o anjo no seio em flor escuto na sôfrega inocência o rubro coração comungo da luz sua mão pássaros no olhar, franqueio o portão.
no silêncio da noite o clamor dos fundos afundar dos tempos o infundado retorno.
quarta-feira, 5 de junho de 2013
estarei acordada, muito tempo, todos os tempos e saberei que nunca houve tempo como este, e que este é o tempo eterno. L'a
meu irmão, meu guardião sou aqui, sou a que de ti não parti sei-o no teu sorriso a melar em tua fronte iluminada está o sinal meu olhar nossa raça, o meu sol, o meu chorar náufragos neste oceano de encanto sangue águas de fogo do nosso irmano canto. ao meu irmão Virgílio Augusto