L'a Dunas (Luísa Sousa Martins) nasceu em Lisboa, que tem por sua terra oráculo, porto e pórtico das suas vi(r)agens.

Os escriptos surgem-lhe por obediência, assinalando imperativo que lhe inspira o cumprir de uma travessia revelatória de profundos, da qual se sente tão-só a decifradora e a primeira leitora.



terça-feira, 12 de junho de 2018


sobre o tampo da secretária, tinta e penas, folhas de papel, envelopes, cartas lacradas, o cheiro de paisagens pela janela, os sonhos, o desejo, e a noite, cortinados afastados, céus encobertos, e o depois.


devagar devagar me sobes, vais-me subir à cabeça
já me sopras a febre que me vai arder corpo abaixo

| em paragem solar |



Tão leve, etéreo, movia-se no interior do que inicialmente me parecia uma gruta; demorou-se neste movimento junto às paredes - eram um limiar - aguardava que eu percebesse que era o interior do meu corpo onde se movia, e que nada o prendia, era um olhar. Era eu, sem ser eu. Quando percebi, atravessei ou desapareci, não sei bem, mas que era eu a partir, era.

| Salto da gazela - sonhos de uma curandeira |


Impressiona-me o tempo, este assombroso
mo
vi
men
to,
o segredo de cada dia, os verbos de cada noite e dos sítios, a olhar-me os céus e as despedidas.