L'a Dunas (Luísa Sousa Martins) nasceu em Lisboa, que tem por sua terra oráculo, porto e pórtico das suas vi(r)agens.

Os escriptos surgem-lhe por obediência, assinalando imperativo que lhe inspira o cumprir de uma travessia revelatória de profundos, da qual se sente tão-só a decifradora e a primeira leitora.



segunda-feira, 22 de julho de 2019





Tive a sensação nos lábios do beijo na tua pele, pensei que sonhava acordada, afinal eu estava acordada no sonho, encostada a ti, olhávamos o céu; sussurraras-me junto ao ouvido esquerdo que tinhas lançado as cinzas em cima da cama, o soar do teu coração tocava todo o meu corpo, disse-te que as cinzas na cama me parecia um altar da fénix.

| sonho 30 |

quinta-feira, 18 de julho de 2019


Havia dias em que sabia que o olfacto lhe ía matar a inocência, benzia-se antes de sair de casa, os cheiros levavam-na a limiares, apareciam-lhe mundos inquestionáveis, desaparecia de um e de outro em redemoinho, uma angústia.

quarta-feira, 17 de julho de 2019






o tempo a morrer devagar, macio, num jejum jubilar, estelar a lama de curar


segunda-feira, 8 de julho de 2019




o Tempo, e voltar

Antes de abrir os olhos eu não estava aqui. Voltar aqui foi uma subida, pelo escuro, primeiro surgiu um som, depois uma imagem que veio pelo som, depois o corpo, o meu, e logo a onda do mundo me voltou onde sou particularmente animada. Observo que o mundo progride do som ao corpo, e finalmente à luz, e que aparece e desaparece, que sobe e desce, que abre e fecha, que do escuro se faz luz e vigilante o sono, que da indiferenciação brota a diferença. O mundo será o mito ou o símbolo desse destino de onde se cai para se voltar, que nunca se perde. O tempo é-nos recobro do espanto de nos vermos invisíveis ou, o que é dizer o mesmo, mortais.
O que aconteceu e não aconteceu para eu voltar. No momento em que o mundo me volta torno-me submundo, entrecortada a luz, e sei, quando desescurecida, que voltei a cair, que não sou de aqui e nem de além, e nesta inquietação me sossego.




tempo, logo mistério. 



Quando o discípulo está pronto, o mestre desaparece.