Luíza Dunas (Luísa Sousa Martins) nasceu em Lisboa, que tem por sua terra oráculo, porto e pórtico das suas vi(r)agens.
Os escriptos surgem-lhe por obediência, assinalando imperativo que lhe inspira o cumprir de uma travessia revelatória de profundos, da qual se sente tão-só a decifradora e a primeira leitora.
De Donis de Frol Guilhade, a seu pedido (e eu, com ele):
ResponderEliminar(A Ti e a Ele, perfumes em flor...)
Eis a imensa lucidez: com
sentir em que sempre recém
chegue à janela perfumada
dos dias o que em sereno
bordado só nela nasce e desagua,
como bailando, em eterna boda
na linha dos gestos infindos, na silenciosa,
espantosa profecia das mãos.
Sim, mais vale o quase
do que o tudo que nada vale, ou quase -
sereníssima majestade da paz
sempre inacabada (mais e mais)
ao aconchego revisitante dos abraços
no doce remanso ajardinado
dos dedos, em cálice e plenitude
de silêncio em seu mais táctil horizonte -
como repouso de pássaros no canto
da boca ao encantar silente do sorriso
quente no sem fim dos afagos.
Eis, definitiva, a translucidez: te
ser os frágeis fios das margens da ternura
na plácida calidez da sua mais fresca loucura –
como quem sonhos desenhasse, brancos,
relembrados então, nos veios glaucos e primaveris
escorrendo orvalho pelas alvas nervuras
do caminho até aos lábios, então líquidos,
dos tantos, tantos beijos em floco.