Vimos do sol, temos na árvore a sombra que a luminescência agita e no poço, mercurial, a busca que nos confia pássaros no crepúsculo e anjos na noite de cada dia.
Basta adormecer, basta acordar, para se consumar o limiar, lugar claramente líquido e espesso que acolhe a mudança de campo e comprimento de onda e a fisicalização de imagens. Adormecer e acordar é primariamente salto, volátil portanto, e torna-se mergulho, de que regressamos a escorrer tinta em reorganização anamnésica. Para dentro e para fora, abrem-se os olhos numa vívida construção de mundos que é tempo, espaço, profundidade, estória, sinal e significação. Esta reunião de elementos imprime-nos fragilidades, dor, passagem, súbitas finalizações, e ressurgências, do sol. Memorial, o sol desmaterializa-nos para nos dar corpo - uma cintilante leveza de poderes, para recordar.
| linhas ensaísticas sobre a memória, vital |