o espírito escreve
sem que o gesto da grafia seja devido
Luíza Dunas (Luísa Sousa Martins) nasceu em Lisboa, que tem por sua terra oráculo, porto e pórtico das suas vi(r)agens. Os escriptos surgem-lhe por obediência, assinalando imperativo que lhe inspira o cumprir de uma travessia revelatória de profundos, da qual se sente tão-só a decifradora e a primeira leitora.
estrangeira sou como a sombra da árvore que é árvore sem sombra - nos primórdios.
musgos, líquenes, heras restolho pelas serras rocha, rochedo, medo árvores, trepadeiras, teias bagas, louro, ouro no sangue das terras as trevas e o fogo - viagem e abrigo, o inequívoco perecer, o despertar.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
na antecâmara da recôndita verdade estala a pérola.
Se eu fosse vivo, gostava de viver aqui - disse-lhe o pai no cemitério, noite de finados, silêncio nas luzes sobre as lajes, uma vila iluminada.
E tudo o vento traz.
range o soalho, encontro marcado beijo na cripta, o peito, caldeirão, sombras no caldo, fumos na invocação dos idos, húmidos o cheiro de néctares, soro, santos fêmeas, fome, fontes - nos subterrâneos dos elísios.