Luíza Dunas (Luísa Sousa Martins) nasceu em Lisboa, que tem por sua terra oráculo, porto e pórtico das suas vi(r)agens.

Os escriptos surgem-lhe por obediência, assinalando imperativo que lhe inspira o cumprir de uma travessia revelatória de profundos, da qual se sente tão-só a decifradora e a primeira leitora.



domingo, 3 de novembro de 2024


 

domingo, 27 de outubro de 2024

 Dar tempo não é deixar para depois. 

domingo, 8 de setembro de 2024

Os primeiros desenhos da vida, chamemos-lhe infância, são ouro. Ouro que se vai cobrindo, pois não é possível tão cedo receber tamanha luz, é preciso encobri-lo de 'chumbo para aprendermos a ver o Deustino. O tempo é o que nos ensina a eternidade, pois não é. O tempo é haute couture do despimento.

segunda-feira, 22 de julho de 2024

 o pior nunca acaba, e o melhor é inesgotável.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

 

| da Quaresma/Alquimia |
 
Há uma bruma emergente que chama ao louvor nocturno para contemplação das penas nas pendulares encruzilhadas, e logo o halo quente do centro no coração bate a hora natal imemorial. Das águas vivas a Palavra, essencial, uma vez eterna, sempre eterna, canta, invicta, no tempo, o corpo e as cinzas e o ouro.
Em Nome.

 

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

devagar se chega de longe

 

Acordei ainda dormia, estava num palácio de pedra aquecida pelo sol, no meio de uma grande floresta, a forma era circular e em círculos que se transpunham para chegar à torre, no centro. Ali ensinava-se. Havia luz, luxos e salas de aula. Eu ía ensinar só que não encontrava a minha sala e nem sabia o que vestir.
 
| da noite para o dia |
É este o caminho, do mais escuro para o mais claro, do acordar. Acordar é um compromisso de união. Abrir os olhos e ver a noite, vê-la à luz do dia, e atravessá-la com vagar, devagar se chega de longe.

 

quinta-feira, 18 de maio de 2023


A nossa integridade expressa-se na experiência real de nunca sermos os mesmos.

Para este contínuo apuramento ou transformação, a vulnerabilidade é condição tal que, de tanto doer, o cálice desejaremos um dia, finalmente, tomar.




terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Levanta-te e anda

 

 

Comove-me ao infinito, como se tivesse passado fome e agora me encontrasse a respirar os aromas quentes da sopa a ferver na panela de ferro à lareira (ai minhas queridas avós). Comove-me ao infinito existir em constante vulnerabilidade, inabalavelmente humana, suportando renascer para insuspeitas alegrias, como o é a luz de fogo que agora me entra pelo quarto para me erguer ao mundo, pois é essa a evidência da manhã, a força curativa, a bênção sobre a ferida ou ignorância, o caldo original.

 

terça-feira, 18 de outubro de 2022

verso'com'deus

 

Não me importava de ficar aqui sempre a olhar para ti, és o caminho que não descobri - por mim de além - e ver-te a cobrires-me de marés para eterno lugar.


 

O conhecimento verte-nos como fluxo religacional ininterrupto para o desconhecido (centro, vazio, potencial) na expressão cíclica arquetípica do maior para o menor do menor para o maior



segunda-feira, 29 de novembro de 2021

 

De um mundo sem forma, a nossa essência - deus'centro'Incognoscível, é gerado o mundo em 'formação - imagens'formas'Tempo, a nossa obscuridade iluminadora.
Somos esse 'manancial misterioso em contínua 'ilusão de descentramento para se 'realizar.
A cruz.

 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

 

Faltavam 3 dias para a lua cheia. Ela não teria contado os dias não fosse a lunaridade dele ter antevisto a plenitude, sentados lado a lado, ele a olhar o céu e ela o arcanjo.
Ela tinha ido pousar naquelas pedras, renovar-se do júbilo, só para morrer de amor mais um bocadinho em frente à porta sul, o tempo a viajar-lhe os lábios às pedras, e o corpo aos cheiros e ao tacto, e o eterno ao fado.
Estava vento, anoitecia, e ele estava ali, segredou-lhe A lua cheia é amanhã, e ela pensou, Se deus quiser a lua cheia é já amanhã.

 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

 

 

o que te liberta é conhecer o que te prende

 

 

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

 

lembras-te de quando te regressaste? do corporares antes de te inteirares? broto a morrer para viveres? de existires a despertar? lembras-te da chegada te tocar a partida? em cada hora pressentida, desejada, erodida, descoberta, esculpida, o corpo reperdido, luz encontrada?

 

 

 

 

Era ali debaixo daquela ponte junto ao pilar onde ele ía pescar, levava a cana e a linha mas não era para apanhar peixe, apenas tempo, apanhava-o no gesto de lançar a linha ao rio, que era dourado, e no sentir a corrente das águas, que são canções imemoriais, a entoar pelas suas mãos a todo o seu corpo. Para lá chegar havia uma outra ponte que tinha de atravessar a pé e cada vez que o fazia o céu escurecia, trovejava e coriscava, a ponte abanava, ele hesitava, depois chovia, o que o acalmava, e continuava até à outra margem, altura em que o céu se abria. Depois descia pela encosta para se ir sentar a pescar o tempo. Do outro lado do pilar, às vezes, estava outro pescador do tempo, sentada, a seguir por outras linhas aquelas águas, lia.
Chovia muito quando se encontravam, quando se encostavam ambos ao pilar, cada um do seu lado, acontecia-lhes um estremecimento.
Havia uma terceira ponte.

 

 

 

O pássaro tinha-lhe anunciado, dois anos antes, muito claramente, Vai e entra naquele templo. Não houve perguntas a fazer, foi só aguardar o sinal, do tempo. E o tempo chegou, o sinal foi um nome, e logo um júbilo, seguiram-se a peregrinação e a hora, tocavam as 12 badaladas do meio dia quando a pedra e as tábuas do chão acolheram os seus pés descalços que o mesmo é dizer toda a sua existência, chegada e partida, tudo o que vira e tudo o que viria estava ali naquela barca, mulher completa, a dissolver-se.

 

 

O lugar do regresso quer-me brisa e despedida e maré, folhas caídas e cabelos brancos.

 

 

 

sentir, olhar e admirar, o que nos respira e solta, este choro da tremenda pertença  



sexta-feira, 24 de janeiro de 2020



Digo-to por palavras, por pensamentos, por silêncios, por tudo e por nada, por espera, por saudade, por raiva, por milagre, por mar, por céu, por anjos, por anos e anos.


quarta-feira, 22 de janeiro de 2020



Primeiro chama-me, depois apareço-lhe, e depois, aimeudeus, desaparecemo-nos.


domingo, 17 de novembro de 2019





a miragem do tempo confirma a sua passagem, o passado é presente a tempo de agora, porque é tempo agora do tempo que não se foi, que é guia para o futuro passado, a serpente vai morder a cauda, vai, e está, está, não pela primeira vez, não pela última vez, não em progressão, não em feitiço ou prisão, realizado o tempo do viver e morrer os tempos



'Ela





na improbabilidade se ajustam contas

quarta-feira, 13 de novembro de 2019


Caiu-me do céu
ou caí eu.



neste lugar borbulhante como as águas na nascente, acerto as horas a zeros, meu sempreIrmão que me eternas.

terça-feira, 5 de novembro de 2019



vou já nesta chuva que me termina e assina, ponho o casaco sobre os ombros, desfazem-se todas as cartas, regressas-me

quarta-feira, 30 de outubro de 2019



reapareço no corpo, o movimento é inicialmente o de uma vastidão a condensar-se, sem se distanciar ou romper
a consciência, não eu, observa-se a estreitar-se, a penetrar-se de uns sentidos, a habitar-se de uns tempos, plásticos, fluidos, que aparentam ser intransponíveis apenas para darem passagem
a outros tempos

| acordar é uma maneira de falar |

segunda-feira, 21 de outubro de 2019



afino das mínguas a saudade, vestal corpo ao sol, casta só até antes de o mar me tocar

| livro das horas |

segunda-feira, 14 de outubro de 2019


difícil é o desengano, a verdade não.

terça-feira, 1 de outubro de 2019



Vou ali reunir com uns antepassados, a ver se me fazem um desenho.