Vista para os Quintais
o espírito escreve sem que o gesto da grafia seja devido
Luíza Dunas (Luísa Sousa Martins) nasceu em Lisboa, que tem por sua terra oráculo, porto e pórtico das suas vi(r)agens.
Os escriptos surgem-lhe por obediência, assinalando imperativo que lhe inspira o cumprir de uma travessia revelatória de profundos, da qual se sente tão-só a decifradora e a primeira leitora.
Os escriptos surgem-lhe por obediência, assinalando imperativo que lhe inspira o cumprir de uma travessia revelatória de profundos, da qual se sente tão-só a decifradora e a primeira leitora.
domingo, 3 de novembro de 2024
domingo, 27 de outubro de 2024
domingo, 8 de setembro de 2024
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024
| da Quaresma/Alquimia |
Há uma bruma emergente que chama ao louvor nocturno para contemplação das penas nas pendulares encruzilhadas, e logo o halo quente do centro no coração bate a hora natal imemorial. Das águas vivas a Palavra, essencial, uma vez eterna, sempre eterna, canta, invicta, no tempo, o corpo e as cinzas e o ouro.
Em Nome.
quinta-feira, 9 de novembro de 2023
devagar se chega de longe
Acordei ainda dormia, estava num palácio de pedra aquecida pelo sol, no meio de uma grande floresta, a forma era circular e em círculos que se transpunham para chegar à torre, no centro. Ali ensinava-se. Havia luz, luxos e salas de aula. Eu ía ensinar só que não encontrava a minha sala e nem sabia o que vestir.
| da noite para o dia |
É este o caminho, do mais escuro para o mais claro, do acordar. Acordar é um compromisso de união. Abrir os olhos e ver a noite, vê-la à luz do dia, e atravessá-la com vagar, devagar se chega de longe.
quinta-feira, 18 de maio de 2023
terça-feira, 17 de janeiro de 2023
Levanta-te e anda
Comove-me ao infinito, como se tivesse passado fome e agora me encontrasse a respirar os aromas quentes da sopa a ferver na panela de ferro à lareira (ai minhas queridas avós). Comove-me ao infinito existir em constante vulnerabilidade, inabalavelmente humana, suportando renascer para insuspeitas alegrias, como o é a luz de fogo que agora me entra pelo quarto para me erguer ao mundo, pois é essa a evidência da manhã, a força curativa, a bênção sobre a ferida ou ignorância, o caldo original.
terça-feira, 18 de outubro de 2022
verso'com'deus
Não me importava de ficar aqui sempre a olhar para ti, és o caminho que não descobri - por mim de além - e ver-te a cobrires-me de marés para eterno lugar.
segunda-feira, 29 de novembro de 2021
quarta-feira, 6 de janeiro de 2021
Faltavam 3 dias para a lua cheia. Ela não teria contado os dias não fosse a lunaridade dele ter antevisto a plenitude, sentados lado a lado, ele a olhar o céu e ela o arcanjo.
Ela tinha ido pousar naquelas pedras, renovar-se do júbilo, só para morrer de amor mais um bocadinho em frente à porta sul, o tempo a viajar-lhe os lábios às pedras, e o corpo aos cheiros e ao tacto, e o eterno ao fado.
Estava vento, anoitecia, e ele estava ali, segredou-lhe A lua cheia é amanhã, e ela pensou, Se deus quiser a lua cheia é já amanhã.
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
Era ali debaixo daquela ponte junto ao pilar onde ele ía pescar, levava a cana e a linha mas não era para apanhar peixe, apenas tempo, apanhava-o no gesto de lançar a linha ao rio, que era dourado, e no sentir a corrente das águas, que são canções imemoriais, a entoar pelas suas mãos a todo o seu corpo. Para lá chegar havia uma outra ponte que tinha de atravessar a pé e cada vez que o fazia o céu escurecia, trovejava e coriscava, a ponte abanava, ele hesitava, depois chovia, o que o acalmava, e continuava até à outra margem, altura em que o céu se abria. Depois descia pela encosta para se ir sentar a pescar o tempo. Do outro lado do pilar, às vezes, estava outro pescador do tempo, sentada, a seguir por outras linhas aquelas águas, lia.
Chovia muito quando se encontravam, quando se encostavam ambos ao pilar, cada um do seu lado, acontecia-lhes um estremecimento.
Havia uma terceira ponte.
O
pássaro tinha-lhe anunciado, dois anos antes, muito claramente, Vai e
entra naquele templo. Não houve perguntas a fazer, foi só aguardar o
sinal, do tempo. E o tempo chegou, o sinal foi um nome, e logo um
júbilo, seguiram-se a peregrinação e a hora, tocavam as 12 badaladas do
meio dia quando a pedra e as tábuas do chão acolheram os seus pés
descalços que o mesmo é dizer toda a sua existência, chegada e partida,
tudo o que vira e tudo o que viria estava ali naquela barca, mulher
completa, a dissolver-se.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2020
quarta-feira, 22 de janeiro de 2020
domingo, 17 de novembro de 2019
a miragem do tempo confirma a sua passagem, o
passado é presente a tempo de agora, porque é tempo agora do tempo que não se
foi, que é guia para o futuro passado, a serpente vai morder a cauda, vai, e
está, está, não pela primeira vez, não pela última vez, não em progressão, não
em feitiço ou prisão, realizado o tempo do viver e morrer os tempos
quarta-feira, 13 de novembro de 2019
terça-feira, 5 de novembro de 2019
quarta-feira, 30 de outubro de 2019
reapareço no corpo, o movimento é inicialmente o de uma vastidão a condensar-se, sem se distanciar ou romper
a consciência, não eu, observa-se a estreitar-se, a penetrar-se de uns sentidos, a habitar-se de uns tempos, plásticos, fluidos, que aparentam ser intransponíveis apenas para darem passagem
a outros tempos
| acordar é uma maneira de falar |
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
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