Luíza Dunas (Luísa Sousa Martins) nasceu em Lisboa, que tem por sua terra oráculo, porto e pórtico das suas vi(r)agens.

Os escriptos surgem-lhe por obediência, assinalando imperativo que lhe inspira o cumprir de uma travessia revelatória de profundos, da qual se sente tão-só a decifradora e a primeira leitora.



quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

 

Faltavam 3 dias para a lua cheia. Ela não teria contado os dias não fosse a lunaridade dele ter antevisto a plenitude, sentados lado a lado, ele a olhar o céu e ela o arcanjo.
Ela tinha ido pousar naquelas pedras, renovar-se do júbilo, só para morrer de amor mais um bocadinho em frente à porta sul, o tempo a viajar-lhe os lábios às pedras, e o corpo aos cheiros e ao tacto, e o eterno ao fado.
Estava vento, anoitecia, e ele estava ali, segredou-lhe A lua cheia é amanhã, e ela pensou, Se deus quiser a lua cheia é já amanhã.