Vou continuar a ler-te, a encontrar-te
nas ruas desta cidade, nos lugares em que caio ou me reapareço, que me
chamam para me insatisfazerem nas escrituras dos tempos. Já estou a
falar em várias línguas, o seu espírito aperta-me, possessivo, largo-o,
excepto quando o não posso pronunciar ou quando o meu corpo tem fome de
sacrifícios. Entro neste convento, caio imediatamente numa imensidão
impensável, as asas dispensam-me. É meio dia, pego n'A Insustentável
Leveza do Ser, quero ler-te neste estado impensável, vou para os
claustros. Sento-me encostada às colunas e leio repetidamente as mesmas
frases desta página, perco-as, mas volto a mim, ou melhor, voltam-me os
claustros. Está um vento quente e o sol bate-me no peito, descalço-me.
Os pés despidos trazem-me - não vou dizer leveza - o cheiro dos arbustos
e as geometrias respirados por centenas de anos. Como me vou levantar
da alegria deste lugar ?
| da original queda |
Sem comentários:
Enviar um comentário